Macrotendências Mundiais para 2030

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Macrotendências Mundiais para 2030

De acordo com o documento publicado pela FIESP/CIESP o mundo está passando por grandes transformações que vão do crescimento da renda e das populações a mudanças no modo de produzir, consumir, locomover e se relacionar. Se, por um lado, o crescimento populacional levará ao aumento da demanda por produtos básicos, o aumento de renda impulsionará a procura por produtos manufaturados sofisticados. Neste contexto, apresentamos oito megatendências mundiais de longo prazo contidas no referido documento que moldarão a indústria e a sociedade, e que são oportunidades para as empresas brasileiras crescerem.

Maior demanda por alimentos

O aumento da demanda por alimentos está relacionado ao crescimento da população, principalmente nos países mais vulneráveis e aumento da renda. O Brasil tem realizado investimentos no setor e tem condições de absorver o aumento da demanda mundial de alimentos. No entanto, muitas tecnologias utilizadas no agronegócio ainda são importadas. Tecnologias capazes de reduzir custos e expandir as oportunidades de penetração do produto nacional no exterior são essenciais. Além disso, importantes regiões do Brasil estão passando por desertificação. Técnicas de dessalinização, novas tecnologias e equipamentos que permitem a reutilização da água são oportunidades nessa área. Há também oportunidades em alimentos funcionais.

Aumento da demanda por energia

O Brasil tem um dos maiores potenciais energéticos em fontes renováveis do mundo, principalmente, hidroelétrica. Também, tem potencial de produção de máquinas e equipamentos para geração e distribuição de energia renovável. Possui tecnologia já desenvolvida em biomassa para substituir o petróleo, como o etanol. Estamos entre os dez maiores produtores de energia eólica do mundo e conta com conhecimento tecnológico no desenvolvimento e produção de turbinas. Praticamente ainda não utiliza energia solar. Com redução nos custos da tecnologia, a energia solar, também, é uma oportunidade.

Expansão do entretenimento turístico

Com o crescimento da renda e novas tecnologias “poupadoras” de trabalho permitirão maior tempo de lazer aos trabalhadores. No turismo: acomodação e alojamento, museus e galerias, ecologia e aventura. Na economia criativa: cultura, audiovisual e mídia editorial, softwares e games, design, arquitetura e publicidade. Embora o Brasil não figure entre os principais exportadores de bens e serviços criativos, o setor já representa uma parcela importante da economia brasileira. Há oportunidade para crescimento das empresas brasileiras nos segmentos de consumo, com destaque para publicidade e arquitetura, explorando as novas mídias de comunicação. Nesses nichos há limitações para penetração de importados. Além disso, aumento do consumo pode impactar os segmentos de design, moda e aqueles ligados à cultura e às mídias.

Mudança no padrão de produção

Eficiência energética e diminuição da emissão de poluentes terão cada vez mais importância no sistema de produção. O crescimento econômico demandará maior consumo energético, portanto, produção com maior eficiência energética será necessária para maior equilíbrio ambiental. A produção industrial deverá ser mais limpa. Restrições comerciais favorecerão o desenvolvimento de tecnologias não poluentes. Crescente demanda por novas tecnologias de controle ambiental.

Urbanização e emergência de megacidades

A maioria da população brasileira vive no meio urbano e iniciativas em cidades inteligentes podem atenuar problemas de mobilidade e melhorar a qualidade de vida. A urbanização brasileira tem características com predomínio de cidades médias. Há oportunidade para desenvolvimento de tecnologias de big data para organização do tráfego, que é crescente. Os sistemas rodoviários e ferroviários também terão de se adaptar a estas características. Além disso, a falta de planejamento das cidades originou problemas de mobilidade de grandes contingentes de pessoas. Como o Brasil tem poucos recursos investidos em habitação, saúde e educação, será necessário racionalizá-los cada vez mais.

Infraestrutura moderna e competitiva

A infraestrutura pode ser o principal driver de crescimento no curto e médio prazo, já que é imprescindível para o desenvolvimento das tecnologias da indústria 4.0. De forma geral, a infraestrutura brasileira é insuficiente e defasada. Nos transportes, a infraestrutura brasileira ficou precária e desatualizada. Há oportunidades em telecomunicações, no desenvolvimento de tecnologias auxiliares na expansão de sistemas em áreas remotas, que são pouco exploradas por países desenvolvidos.

Envelhecimento da população

Até 2030 a população mundial de idosos (acima de 65 anos) deve aumentar 37%, como resultado do aumento da qualidade de vida e queda da natalidade. A expectativa de vida média do mundo deve chegar aos 70 anos e não raro serão pessoas com mais de 100 anos. A taxa de envelhecimento no Brasil (3,6% ao ano) é maior do que o resto do mundo (1,1% ao ano), o que vai exigir um robusto planejamento, políticas públicas de saúde e infraestrutura adequadas para essa mudança demográfica. O setor de equipamentos médico hospitalar do país demonstra elevado potencial para atender a demanda e as compras públicas do SUS também podem incentivar a indústria nacional. As empresas também devem estar atentas ao elevado potencial de consumo dessa faixa etária que, em geral, tem maior acúmulo de riqueza.

Aumento das tensões geopolíticas

É uma consequência da escassez de recursos naturais (petróleo e água), guerras civis e crises econômicas que aumentam o fluxo migratório entre os países. Como oportunidade, o Brasil deve criar sua própria indústria de defesa, uma vez que os países desenvolvidos não comercializam as tecnologias de ponta do setor. O Brasil tem se destacado em uniformes para exército, mas é preciso avançar para outras áreas de maior robustez tecnológica. Investimentos em big data para gerenciamento do fluxo migratório na fronteira do país se mostram essenciais frente à crise na Venezuela.

Por fim, nosso objetivo é dar subsídios para tomada de decisão sobre o caminho que as indústrias vão seguir tendo em vista a urgência dessa preparação e o aumento da concorrência internacional. Ainda que o cenário do país não seja o mais favorável, tendo em vista a lenta retomada da atividade econômica, é preciso correr.

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